Encontro com a comunidade, oficina e pintura de murais aconteceram entre os meses de agosto a outubro. Ao todo, foram 250m² de graffiti, resgatando a memória do bairro mais antigo da cidade.
Encontro com a comunidade, oficina e pintura de murais aconteceram entre os meses de agosto a outubro. Ao todo, foram 250m² de graffiti, resgatando a memória do bairro mais antigo da cidade.
Em seu mês de aniversário, Uberlândia recebeu um presente especial, principalmente, para a comunidade do bairro Patrimônio.
Em Agosto, aconteceu duas importantes ações do projeto Reduto Negro, que criou uma galeria de arte urbana a céu aberto no bairro mais antigo da cidade, colaborando para a inserção de Uberlândia no cenário nacional de circuitos da cultura graffiti.
Com produção artística de Tiago Dequete, o objetivo do projeto é realizar ações de intervenção e ressignificação de espaços, por meio da criação de sete murais de grande dimensão em graffiti, que irão se juntar a outros três já realizados no bairro de forma independente pelo artista.
A proposta pretende colaborar para o resgate da cultura negra que está na formação do bairro Patrimônio, e para a ressignificação de casas de moradores remanescentes do local, estabelecendo também relação entre diferentes gerações.
250 m² de novas cartografias afetivas
O desenvolvimento criativo e layout das obras contou com a colaboração dos próprios moradores do bairro em um processo de invenção de novas cartografias afetivas, reconstrução de vivências e pertencimento.
Para tanto, foi realizado um encontro no dia 10 de agosto, no Terrerão do Samba, com cerca de 30 pessoas, consideradas referência pelo vínculo afetivo que possuem com o bairro.
Juntas, elas elegeram os elementos e personagens que a comunidade gostaria de ver representados nos murais que foram pintados no espaço do Terrerão do Samba e em fachadas de casas de antigos moradores do bairro, como Eurípedes Passarinho, filho de Mestre Lotinho.
Falecido recentemente, Mestre Lotinho ajudou a construir a cultura não só do bairro mas da cidade, tendo sido um dos criadores do carnaval de rua de Uberlândia. “Para mim o sentimento é de agradecimento, pois este projeto vai ajudar a preservar a nossa memória e cultura”, diz Passarinho, filho de Mestre Lotinho.
Ao todo, o circuito cultural do bairro Patrimônio contará com 250 metros quadrados de pintura dando forma e expressão a uma releitura do bairro. “Ao transformar o Patrimônio em galeria de arte urbana a céu aberto, queremos que a comunidade – que se vê à margem dos espaços formais para artes – passe a vivenciar cotidianamente a experiência artística”, enfatiza Dequete.
Oficina para jovens e a pintura dos murais
Posteriormente, no dia 14 de Agosto aconteceu também no Terrerão do Samba uma oficina para 15 jovens da comunidade, com o objetivo de oportunizar vivências com graffiti, promover o fortalecimento da identidade enquanto grupo, aumentar a estima pessoal e valorizar a cultura negra.
“A oficina tem um caráter formativo. Haverá momento para falar sobre a história do graffiti, mas também experimentação de técnicas com uso de spray, pois o objetivo é que os jovens colaborem no processo de pintura dos murais que acontecerá nos meses de setembro e outubro”, acrescenta Débora Costa, diretora executiva do projeto.
Mais sobre o Projeto Reduto Negro
O projeto Reduto Negro foi aprovado no edital SMC nº05/2020, referente a apresentação e seleção dos projetos culturais para o Programa Municipal de Incentivo à Cultura – PMIC, convênio nº 046/2021.
Na produção artística, conta com Tiago Dequete, escritor urbano da Geração 90 de Belo Horizonte, atuante na cena nacional do graffiti. É conhecido por seu personagem Ogato, através do qual realiza intervenções no espaço urbano trazendo críticas pontuais sobre assuntos da contemporaneidade, com uma paleta de cores específica (verde, laranja e azul). Educador, graduado pela Escola Guignard/UEMG, desenvolve projetos socioculturais na área de arte educação a partir do universo do graffiti e da cultura Hip Hop. O artista vive e tem seu ateliê em Uberlândia, cidade que o premiou – por meio da Lei Aldir Blanc – como notável agente cultural no ano de 2020.
Como produtora executiva, o Projeto Reduto Negro conta com Débora Costa, autora do livro GER – Graffiti Escola na Rua, pedagoga e produtora cultural de projetos que tornam público o potencial latente de produção cultural da periferia dando visibilidade para agentes culturais de Uberlândia. É membro titular do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Cultural, por considerar fundamental a promoção de ações que viabilizem registros plurais de memória, e a partir destes, a (re)invenção de cartografias afetivas sobre a cidade.
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