No mês da mulher, é preciso falar sobre Artrite, uma doença prioritariamente feminina

No mês da mulher, é preciso falar sobre Artrite, uma doença prioritariamente feminina

Pesquisa mundial revela os impactos da AR na vida pessoal de seus portadores.

Pesquisa mundial revela os impactos da AR na vida pessoal de seus portadores.

“Quando o assunto é doença reumática, são elas que em geral sofrem mais”. Essa afirmação é do reumatologista, Dr. Carmo de Freitas, e é o que revela também uma pesquisa mundial divulgada no 25º Congresso Brasileiro de Reumatologia.
Mais de 9.800 pessoas, entre pacientes e profissionais de saúde, participaram dessa pesquisa, cujo objetivo foi o de revelar os impactos causados na vida pessoal de pacientes com artrite reumatóide (AR). No Brasil, participaram 1.916 pacientes e 385 profissionais de saúde, sendo a maioria dos pacientes do sexo feminino e que já convivem com a doença de 5 a 15 anos.
“Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 100 pessoas tem artrite, e em torno de três mulheres para cada homem têm a doença. Existem vários fatores que contribuem para o surgimento da AR, desde a hereditariedade à hábitos de vida, e ainda a relação hormonal que torna a doença mais comum em mulheres”, diz Dr. Carmo de Freitas.

Avanços e desafios
Nos últimos anos, os avanços foram muitos com o surgimento de novos tratamentos que vieram para contribuir com a melhora da qualidade de vida do paciente. “Anteriormente a isso, 30% das pessoas com AR viram a doença evoluir a ponto de ficarem em cadeira de rodas”, lembra Dr. Carmo de Freitas.
Contudo, a doença continua a dificultar a vida de quem a tem: 50% dos pacientes que responderam à pesquisa mundial relataram que ainda sentem dor, rigidez matinal quando acordam com as articulações endurecidas, com dificuldade de movimento e fadiga.
Cerca de 36% dessas pessoas de alguma maneira tiveram de parar de trabalhar ou a AR prejudicou de algum modo a progressão da carreira delas.
Em relação à vida pessoal e social, mais de 50% tiveram algum impacto nas relações interpessoais, sejam com familiares, com o cônjuge, com filhos ou amigos.
Quase 60% dos pacientes relataram a doença levando a um impacto tanto na sua atividade física, como na sua atividade emocional, no modo de encarar a vida com frustrações, depressão, alterações de humor.
64% comentaram os impactos da doença em suas relações íntimas, na sua vida sexual.
Mais de 30% disseram não ter vontade de fazer exercícios físicos, por conta das dores que sentem.
E 56% dos consultados sentem-se frustrados ou insatisfeitos quando não conseguem realizar ou completar atividades por causa da doença.
Em termos de aspirações, a pesquisa revelou acomodação em relação à doença para grande parte dos entrevistados: 64% responderam que a AR dificulta sua vida, mas eles aceitam a doença.
A sondagem ainda mostra que o que mais impacta os pacientes com AR, tanto nas atividades diárias de trabalho como nas atividades domésticas, é justamente utilizar as mãos.
Nas relações interpessoais no trabalho, apesar de a maioria dos colegas demonstrar apoio ao amigo na doença, muitos se afastam. Ou seja, mesmo com os tratamentos modernos disponíveis, que deixam o paciente sem que a doença progrida ou tenha sinais de deformidade nas articulações, muitas pessoas não compreendem ao certo o que se passa com o doente e acham que ele “está fazendo corpo mole”.
“Pesquisas como esta são muito importantes para desmistificar questões e ajudar no diálogo entre médicos e pacientes, familiares, amigos. Não basta olhar só a doença, suas causas, tratamentos… É preciso pensar sobre seus reflexos na vida da pessoa doente e, consequentemente, na sociedade como um todo”, enfatiza Dr. Carmo de Freitas.

Sobre o reumatologista
Carmo Gonzaga de Freitas foi o primeiro reumatologista da região do Triângulo Mineiro e co-fundador de um dos maiores complexos hospitalares de Uberlândia (MG). Atualmente, representa Minas Gerais e o Brasil em investigações clínicas e laboratoriais, encontros e congressos internacionais, com destaque para sua participação anual na EULAR – Liga Europeia de Reumatologia.
Consultório: Av. Vasconcelos Costa, 962 – Bairro Martins – Uberlândia – (34) 3236-8344

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