Por Marco Aurélio Querubim Foto: Guilherme Alves Pedalando e cantando e seguindo o coração… Foi assim que começou o abraço. Com a chegada dos 40 janeiros passei a sentir uma vontade danada que me chamava pra bicicleta e uma outra pra viver mais profundamente a espiritualidade. Duas vontades que batiam na porta do lado de
Por Marco Aurélio Querubim
Foto: Guilherme Alves
Pedalando e cantando e seguindo o coração… Foi assim que começou o abraço. Com a chegada dos 40 janeiros passei a sentir uma vontade danada que me chamava pra bicicleta e uma outra pra viver mais profundamente a espiritualidade. Duas vontades que batiam na porta do lado de dentro me pedindo pra sair e ser diferente, um pouco melhor a cada dia e sempre em frente, avante. As duas vontades se entrelaçaram no silêncio da estrada de chão e do recolhimento no meio do mato, na contemplação da vida e das maravilhas em volta da gente, quando saímos em busca de observar a natureza, saber melhor quem somos e quem podemos ser… Não se percebe tudo assim tão claro quando está acontecendo. Na prática, se dá o primeiro passo, que foi escolher uma bicicleta.
Me dei de presente no mês da criança daquele ano uma bike chopper, coisa de menino que inventa moda. A chopper é uma “bicicleta invocada” na linguagem de menino. Parece moto,tem o garfo estendido e inclinado, pneu fino na frente e com tamanho diferente do pneu traseiro, que é largo. Enfim, é uma bicicleta bacana de brincar. Com ela eu pedalei a cidade inteira quase que diariamente por seis meses. A cidade ficou pequena e a vontade cresceu o olho pro mato, mas chopper não é pra estrada de chão, pedra, barro, água, buraco e areião. Foi quando então teve início a minha jornada no mountain bike como ciclista predominantemente solitário e contemplativo.
Da satisfação com a experiência veio a regularidade, que trouxe de presente um novo estilo de vida. A brincadeira, cada vez mais prazerosa e instigante… No enfrentamento dos obstáculos, surgiu o primeiro conceito para aquela experiência toda: Pedala que Passa! Em seguida, quando as distâncias começaram a aumentar, nasceu um projeto criativo e uma meta: pedalar até os 50 anos o equivalente a uma volta no planeta. Um abraço no planeta!
Vieram então as cicloviagens acima de 100 km, novos lugares, paisagens, amigos, cidades e pessoas. Muitos motivos para registrar em textos, poemas e canções as inspirações de uma jornada que não queria parar e se fez filosofia, arte, meditação, oração, esporte e Poesia do Olhar, uma coleção de fotos e frases das muitas paisagens e experiências. Tudo isso, já é uma outra história que trará novos filhotes para a Cia. Cultural EMCANTAR e o mundo. Para aqueles que quiserem conhecer mais dessa jornada, os aprendizados e o mergulho na espiritualidade, estamos preparando caminhos de compartilhamento.
Sabe uma coisa bacana que faz da bicicleta uma grande oportunidade para cuidar do corpo e da mente? Com ela a gente vai longe em vários sentidos, é só começar e manter a frequência. Hoje, dois anos antes de completar 50 anos, eu consolido sem ter tido pressa o meu abraço no planeta e o ofereço, cheio de amor pela vida, à toda a humanidade, que tanto está precisando de abraços, de cura, de cuidado, de paz e de afeto. Do fundo da alma e do coração, dou a você também esse abraço que venho fazendo crescer há oito anos andando de bicicleta, cheio de amorosidade, confiança, fé, carinho e esperança. Cheio de alegria de criança e grato a todas as pessoas que me apoiaram e vibraram com essa peripécia.
Restando 200 km para completar o abraço do ponto de vista geográfico e totalizar 40.070 quilômetros em cima da bicicleta, resolvi celebrá-lo numa grande cicloviagem. Saí ontem de Araguari-MG, numa jornada com três companheiros até a Serra da Canastra, Capitólio, Córrego Fundo e voltando por Bambuí, Ibiá, Patrocínio e Monte Carmelo. Serão 1.000 km ao todo em 10 dias de pedal e dois de descanso. Hoje, 27 de maio de 2020, o abraço se consolida de fato, mas a jornada continua, pois, no momento, tudo está em movimento… E foi com a cultura da bicicleta, o coração aberto e uma ideia na cabeça que dei esse abraço no planeta. Sigo a pedalar, aqui e agora, onde a vida acontece e teima em se reinventar… Avante!
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