Especialista fala sobre capacidade de pagamento, parcelamento de despesas, promoções, e tudo o que você precisa saber para não se endividar.
Especialista fala sobre capacidade de pagamento, parcelamento de despesas, promoções, e tudo o que você precisa saber para não se endividar.
Fim de ano chegando e é preciso tomar muito cuidado para não exagerar nos gastos e se comprometer mais do que o orçamento permite. É presente de natal, amigo secreto, festas, viagem de férias, férias escolares, e logo na sequência, em janeiro, IPVA para pagar, material escolar para comprar. O que fazer para dar conta de tudo sem se endividar? A especialista em planejamento financeiro, Karoline Cinti, afirma que:
“A primeira coisa é entender como funciona seu ciclo de receitas. É muito comum nessa época do ano, recebermos dicas de como aproveitar melhor o 13º salário, seja para pagamentos de dívidas, contas extras do final e início do ano, ou mesmo para investir. Todavia, vale lembrar que essa renda sazonal, isto é, proveniente de determinada época ou período, não é uma realidade de todos. Autônomos e empresários precisam eles mesmos criarem sua “receita extra”. Algumas atividades acompanham esse ritmo de aquecimento do mercado de fim de ano, e acabam gerando mais faturamento para seus empreendedores. Porém, existem outros setores em que a realidade é contrária, suas demandas e receitas diminuem. E, não necessariamente, o mesmo acontece com as despesas. Por isso que não se prepara os gastos dessa época do ano em novembro e dezembro. Eles requerem todo um planejamento anual. Para alguns, é possível ajustar o orçamento e incluir essas despesas nos próprios meses que elas se realizam, para outros, é preciso guardar antes”.
Acompanhe a orientação da especialista para algumas dúvidas frequentes sobre o assunto:
Então, por onde começar o planejamento para essa época do ano?
K.C.: Via de regra, para dar conta de tudo, comece fazendo uma lista de quanto irá precisar para as despesas com presentes, festas, viagens, materiais e matrículas escolares, impostos, etc. Some com os gastos recorrentes, como aluguel ou prestação do imóvel, energia, água, alimentação, combustível, mensalidades… e veja se a renda comporta todos eles. Lembrem-se de incluir possíveis valores com parcelas de crediário ou cartão de crédito. Se a receita não for suficiente, ajustes serão necessários. Use os próximos meses para fazer economias e reduzir desperdícios, utilize a criatividade para diminuir gastos com presentes, recreações e festas, e, porque não, pense em maneiras de gerar renda extra!! Aproveite então para registrar o quanto gastou, ou queria ter gasto, com as despesas da virada do ano, e comece o novo ano fazendo uma poupança mensal para que seus planos sejam realizados no próximo ano.
Quais são as causas mais comuns de endividamento?
K.C.: Normalmente, a causa do endividamento ou aperto financeiro pode estar ligada a própria falta de organização e controle dos recursos; ou ser decorrente de algum imprevisto e transição; ou ainda talvez estejamos fazendo escolhas acima da nossa capacidade e vivendo fora da realidade. No primeiro caso, acontece que, quando eu trato cada mês de forma isolada, e não como parte de um todo, podemos achar que em determinados períodos, se houve sobra de dinheiro, este valor está disponível e nos permitimos assumir novas obrigações, sendo que na verdade ele já está comprometido com compromissos futuros. É aqui que um bom planejamento nos ajuda a ter um cenário mais amplo e tomar decisões mais racionais e assertivas. No segundo caso, ter flexibilidade no orçamento e uma reserva de dinheiro, é fundamental. No último caso, com medo de ter de dizer não para nossos desejos e nos frustrar, evitamos fazer contas e olhar para elas. “Esquecemos”, inclusive, de considerar toda as nossas responsabilidades, insistindo em nos “surpreender” com os gastos que aparecem na virada e início do ano, mesmo eles acontecendo todos os anos. Aqui é preciso autoconhecimento e dar lugar para as emoções. É preciso visitar nossas necessidades e vontades, e entender como elas estão influenciando nos nossos comportamentos e escolhas, e então, conseguir tomar uma decisão mais racional, e menos impulsiva.
Sobre cartão de crédito, qual a orientação para evitar problemas?
K.C.: Para uma vida financeira mais saudável, o recomendável é ter mais gastos pagos à vista. Não se parcela alimentação, farmácia, combustível, cuidados pessoais, lazer. Essas despesas vão se repetir todos os meses e, se parceladas, a parcela de um mês irá acumular com a do próximo mês, formando uma bola de neve. Então, os presentes de final de ano podem ser parcelados já que as próximas compras só ocorrerão daqui há um ano? Também não. Se dezembro tem compras de Natal, janeiro tem material escolar, fevereiro tem viagem de carnaval… se em um mês eu preciso comprar roupas, no outro posso ficar doente e ter de consultar um médico, fazer um tratamento dentário, ter um aniversário, casamento, formatura. Para evitar endividamentos futuros, faça parcelas curtas. O prazo do pagamento deve acontecer antes de um próximo compromisso. Os problemas com o cartão surgem quando passamos a considerar o limite de crédito como uma renda extra, e não como um empréstimo. Possivelmente, se não temos dinheiro para pagar algo à vista, é provável também que não tenhamos para pagar a prazo. É inevitável que se comece o planejamento pela capacidade de pagamento.
Sobre promoções, tem alguma dica a respeito?
K.C.: A dica para usar as promoções a nosso favor, mais uma vez, é planejar. Antes de sair às compras, faça uma lista do que precisa e de quem quer presentear, e defina uma meta de gasto. Se o tempo está mais corrido, vá às compras com o valor pré-estabelecido e o cumpra. Se tiver mais tempo, faça pesquisas de preço e promoções, e use a criatividade para pensar em alternativas de presentes, decoração, ceias. Quando gastamos mais tempo no planejamento, acabamos utilizando nossos recursos financeiros com mais eficiência, consciência e satisfação. Lembre-se de se incluir na lista de presentes, e evitar a sensação que seu dinheiro só vai para “terceiros”, sem considerar você!
E como se preparar para ter um ano mais rico?
K.C.: Comece se perguntando o que é riqueza para você. O que te faz feliz e realizado? A ideia de um bom planejamento é inverter a lógica: ao invés de esperar ver quanto sobra, para poder guardar, investir ou destinar para sonhos e objetivos (até porque não sobra), é isso que deve ser colocado em primeiro plano. Devemos começar o planejamento pelos nossos projetos, prioridades e valores (educação, carreira, patrimônio…), depois aquilo que nos dá prazer e motivação no dia a dia (lazer, viagens, hobbies…), e então “verificar quanto sobra” para destinar o restante dos recursos para os aspectos mais burocráticos da vida (moradia, transporte, vestuário). Esse exercício pode ser aplicado para todos os nossos outros recursos: tempo, criatividade, talento, recursos naturais… para assim podermos ter um ano mais simples e rico!
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