Multi-instrumentista e produtor musical mineiro fala sobre experimentalismos e independência, mercado internacional e o que o levou ao formato “One Man Band”.
Multi-instrumentista e produtor musical mineiro fala sobre experimentalismos e independência, mercado internacional e o que o levou ao formato “One Man Band”.
Com 34 anos de idade, dono de um dos estúdios mais diferenciados da América Latina pela acústica Old School, e com total independência para gravar e lançar suas músicas, Guilherme da Cunha pode ser considerado um artista de sorte. Contudo, nesta entrevista exclusiva, o multi-instrumentista e produtor musical do Triângulo Mineiro revela quanto trabalho e determinação foi preciso para chegar até aqui.
Desde os 12 anos tocando profissionalmente, Guilherme comemora agora em 2019 dez anos de carreira solo, lançando seu 4º álbum autoral: Guilherme daCunha + The Modern Fokkers, e a coletânea XY, já disponíveis na internet, na plataforma SoundCloud.
Experimental e concebido no formato One Man Band, ou seja, 100% feito por Guilherme, entre composição, arranjos, execução de instrumentos e vocais, mixagem, masterização e autoração, até a arte da capa, o novo álbum levou dois anos para ficar pronto.
Acompanhe os detalhes em nossa entrevista!
É comum produtores trabalharem sozinhos? Quais as vantagens e desvantagens disso?
‘‘Sim! Não! Talvez! Todas as respostas podem estar corretas! Depende da grana, da condição, do tempo, da vontade e certeza de querer fazer algo muito pessoal. Compor, gravar e produzir em parceria com um número ilimitado de pessoas é interessante, mas também igual ou mais complicado do que ter uma banda. No meu caso, fui minimizando equipes no decorrer da minha carreira e neste 4º álbum decidi fazer praticamente tudo sozinho. Tenho participação de Daniel Ian no contrabaixo e guitarra na faixa ‘Maressa’ e nas guitarras em ‘Now It´s not the plans I need’; de Heitor Santos Victal no dueto de guitarras também nesta faixa; e de Gabriela Candeloro no solo de Arpeggiator em ‘Friendly Enemy’.
Acredito que o formato “One Man Band” é uma tendência. A decadência da indústria brasileira freou a nossa acessibilidade às tecnologias de áudio bruscamente. Antigamente os grandes estúdios desenvolviam tecnologia. Hoje vendem inclusive seus protótipos boutique, o supra-sumo do áudio, em feiras de garagem. Por causa da instabilidade da nossa moeda tudo é baseado no dólar americano e se antes era normal um investimento de $1.000.000,00 para testar uma banda, hoje a média de verba para o álbum de um artista consagrado é $100.000,00. E se as gigantes estão minimizando processos e custos, o que dirão os artistas independentes. E o formato “One Man Band” hoje é o mais realista em muitos aspectos.”
Como você classifica seu novo álbum?
“Experimental. Não posso falar que é eletrônico, pois tem muita coisa de rock. Mas não posso falar que é rock, pois tem ainda muito mais coisas misturadas, de faixas que mencionam bossa nova, funk até música barroca e valsa, por exemplo”.
Qual a temática das músicas?
“A temática é bem cotidiana. Nesse álbum tenho letras que falam sobre alquimistas, nossos estimados políticos, amizade, amor, decepção, gratidão, maldições, aprendizados e muitas outras coisas. Mas no final a mensagem que esse trabalho pretende passar é que eu realmente gosto muito de música.”
Como é seu processo criativo?
“Às vezes simplesmente acontece de surgir uma letra ou uma ideia de melodia ou harmonia. Nessa hora registro isso da melhor forma possível. Costumo usar celular ou computador. Caso role a ideia completa eu inclusive gravo uma guia em vez de um mero rascunho e depois vou trabalhando em cima. Ouvindo a gente lapida melhor do que só tocando.”
As músicas do novo álbum são em inglês. Existe diálogo com gravadoras internacionais?
“Estão rolando flertes com algumas gravadoras internacionais, sim. Mas, tudo vai depender das condições. Hoje em dia na era do mercado independente é importante avaliar cada proposta para ter certeza de que compensa.”
Para finalizar, o que você diria para quem tem vontade de produzir o próprio som?
Fazer um curso pode ser um bom passo para quem quer aprender a garantir a qualidade do seu som. Acho que só depois disso normalmente as pessoas de fato conseguem decidir até qual ponto realmente pretendem adentrar nos conhecimentos sobre Áudio e Produção Musical. Como resultado, você terá maior domínio sobre efeitos, muitas técnicas a favor, mais clareza quanto aos arranjos como um todo. Produtores costumam gostar de maior definição de som, uma reprodução mais padronizada quanto a sonoridade independente da opção escolhida dentre os diversos tipos de reprodutores de som. Normalmente, do ponto de vista do produtor musical o conceito de flat passa a ser levado mais à sério e deixamos de ouvir de maneira generalizada excessos de graves ou agudos, defeitos muito comuns em discos e que acabam permanecendo inclusive na masterização devido à insistência do músico que não consegue ter dimensão do quanto isso faz o produto final cair no crivo internacional de qualidade e de apreciação para quem procura requinte na sonoridade. A música é um diálogo, e em um diálogo ambos se pronunciam, porém…enquanto um fala o outro escuta!’”.
Ouça 4º álbum autoral de GuilhermedaCunha + The Modern Fokkers:
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